A Ciência da Kriya Yoga

Kriya Yoga é um método simples, psicofisiológico, pelo qual o sangue humano se descarboniza e é recarregado com oxigênio. Os átomos desse oxigênio extra são transmutados em corrente vital, para rejuvenescer o cérebro e os centros da coluna vertebral. Sustando a acumulação do sangue venoso, o iogue pode diminuir ou evitar a degeneração dos tecidos. O iogue adiantado transmuta suas células em energia. Elias, Jesus, Kabir e outros profetas foram, no passado, mestres no uso da Kriya ou de técnica semelhante, pela qual materializavam ou desmaterializavam seus corpos à vontade.

A Kriya é uma ciência antiga. Lahiri Mahasaya recebeu-a de seu grande guru, Babaji, que redescobriu e esclareceu a técnica depois das Idades das Trevas, época em que esteve perdida. Babaji batizou-a de novo, simplesmente de Kriya Yoga.

– A Kriya Yoga que estou transmitindo ao mundo por seu intermédio neste século XIX – dissera Babaji a Lahiri Mahasaya – é a revivificação da mesma ciência que Krishna deu há milênios a Arjuna; e que foi mais tarde conhecida por Patânjali e Cristo, e por São João, São Paulo e outros discípulos.

O iogue possui plena consciência de seu estado físico de animação suspensa. Todavia, à medida que progride para estados espirituais mais elevados, comunga com Deus sem a imobilidade física; e o faz em sua consciência normal de vigília, até em meio aos exigentes deveres mundanos.

Os antigos iogues descobriram que o segredo da consciência cósmica está intimamente ligado ao domínio da respiração. A força vital, que normalmente está ocupada mantendo a pulsação cardíaca, precisa ser liberada para atividades superiores por meio de um método que acalme e detenha as demandas incessantes da respiração.

O Kriya Yogi, dirige mentalmente sua energia vital para cima e para baixo, em torno dos seis centros espinhais (bulbo raquidiano e plexos cervical, dorsal, lombar, sacro e coccígeno), correspondentes aos doze signos astrais do Zodíaco, o Homem Cósmico simbólico. Meio minuto de revolução da energia ao redor da sensível medula espinhal efetua progressos sutis na evolução do homem, esse meio minuto de Kriya equivale a um ano de desenvolvimento espiritual natural.

Sem dúvida, o atalho da Kriya só pode ser trilhado por iogues profundamente desenvolvidos. Com a orientação de um guru, tais iogues preparam cuidadosamente seu corpo e cérebro para suportarem a força gerada pela prática intensiva.

O corpo de um homem comum é uma lâmpada de cinqüenta watts, que não pode suportar o bilhão de watts de energia gerados pela prática excessiva de Kriya. Por meio do aumento regular e gradual dos exercícios simples e perfeitamente seguros de Kriya, o corpo humano transforma-se astralmente, dia a dia e, por fim, está preparado para expressar o infinito potencial de energia cósmica que constitui a primeira expressão materialmente ativa do Espírito. A prática da Kriya é acompanhada, desde o início, por sentimentos de paz e sensações suavizantes, de efeito regenerador na coluna.

Esta antiga técnica iogue converte a respiração em substância mental. O adiantamento espiritual permite ao devoto conhecer a respiração como um conceito mental, um ato da mente: uma respiração sonho.

O Kriya Yogi usa a técnica para saturar e nutrir todas as células físicas com luz imperecível e, desse modo, conservá-las espiritualmente magnetizadas.

A prática da Kriya inverte o fluxo; a força vital é mentalmente guiada para o cosmos interior e se reúne às energias sutis da coluna. Por meio de tal reforço da força vital, o corpo e os neurônios do iogue são renovados por um elixir espiritual.

Desamarrando a corda da respiração que liga a alma ao corpo, a Kriya serve para prolongar a vida e expandir a consciência  ao infinito. A técnica vence o cabo-de-guerra entre a mente e os sentidos enredados na matéria, libertando o devoto para que herde outra vez seu reino eterno. Ele sabe, então, que seu ser real não está limitado, nem pelo invólucro físico nem pela respiração – símbolo da escravidão mortal do homem ao ar, às compulsões elementares da natureza.

Mestre de seu corpo e de sua mente, o Kriya Yogi finalmente vence o “último inimigo”, a Morte.

A Kriya, controlando a mente diretamente por meio da força vital, é a via de acesso mais fácil, mais eficaz e mais científica para o infinito.

A ciência iogue fundamenta-se no exame empírico de todos os tipos de técnicas de concentração e meditação. A ioga capacita o devoto a ligar e desligar, conforme queira, a corrente vital que vai para os cinco telefones sensoriais: visão, audição, olfato, paladar e tato. Alcançando este poder de desligar os sentidos, é simples para o iogue unir a mente aos domínios divinos ou ao mundo da matéria, à vontade.

A vida de um Kriya Yogi adiantado é influenciada não pelos efeitos das ações passadas, mas apenas pelas diretrizes da alma.

O método superior de viver pela alma liberta o iogue; emergindo da prisão do ego, ele respira o ar profundo da onipresença.

As escrituras do mundo declaram que o homem não é um corpo corruptível, mas uma alma vivente; na Kriya Yoga ele encontra o método para comprovar esta afirmação.

O verdadeiro iogue, retirando os pensamentos, a vontade e os sentimentos da identificação falsa com os desejos corporais, unindo a mente às forças superconscientes nos santuários da coluna vertebral, vive assim no mundo como Deus planejou; ele não é impelido por impulsos do passado nem por motivações recentes da incensatez humana. Tendo recebido a realização de seu Desejo Supremo, ele está seguro no abrigo final do Espírito inexaurívelmente bem-aventurado. 

Extraído do capítulo 26 do livro “Autobiografia de um Iogue” de Paramahansa Yogananda.

“A Kriya Yoga é o método mais elevado para entrar em contato com Deus. Em minha própria busca, viajei por toda a Índia e escutei a sabedoria dos lábios de muitos de seus maiores mestres. Assim, posso garantir que os ensinamentos da Self-Realization incorporam as mais elevadas verdades e técnicas científicas dadas à humanidade por Deus e pelos Grandes Seres.

Os efeitos posteriores da Kriya trazem suprema paz e bem-aventurança. A alegria que a acompanha é maior do que a soma de todas as alegrias de todas as sensações físicas agradáveis. “Sem sentir-se atraído para o mundo sensório, o iogue experimenta a alegria sempre nova, inerente ao Ser. Absorto na união divina da alma com o Espírito, ele alcança a bem-aventurança indestrutível.” (Bhagavad Gita V:21) Desta alegria experimentada na meditação, recebo o descanso de mil sonos. O sono torna-se virtualmente desnecessário para o Kriya Yogi avançado.

Quando, pela Kriya Yoga, o devoto entra em samadhi, em que seus olhos, respiração e coração se aquietam, outro mundo se manifesta. Respiração, som e movimento dos olhos pertencem a este mundo. Mas o iogue que controla a respiração pode entrar nos mundos celestiais, astral e causal, e comungar com os santos divinos, ou entrar em consciência cósmica e comungar com Deus. O iogue não se interessa por nada mais.

Quando der menos importância a outras coisas, lembrando-se do que eu disse, chegará a Deus infalivelmente.”

Paramahansa Yogananda, no livro “A Eterna Busca do Homem”